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sábado, 10 de janeiro de 2009

A minha primeira MARATONA

Hoje vou descrever a minha primeira experiência na maratona.
Introdução: Quando acabei os estudos, pensei num grande desafio. Como já praticava atletismo e tinha várias participações em meias maratonas, pensei que um grande desafio, seria encarar a participação numa maratona e a de Lisboa teria lugar no final desse ano, que foi 1988. Quem diria que já decorreram 21 anos.
Então foi asssim:
Preparação:
As minhas férias laborais estavam marcadas para Agosto. A minha mulher encontrava-se a trabalhar e como eu não ía para fora sózinho, iniciei a preparação a maratona. Comecei de uma forma suave, passei de treinos diários para bidiários, uma a duas vezes por semana. Fui aumentando quer o tempo, quer a intensidade dos treinos. Depois comecei a fazer treinos mais longos ao fim de semana, de 1h40 minutos, 1h50 minutos e fui até às duas horas de treino. Fiz este tipo de treino durante três meses, chegando a fazer 120 kms por semana.
Embora já tivesse muitos anos de prática, a minha experiência técnica de treino era reduzida. Os ritmos, as cargas, as intensidades eram conceitos que não dominava. Os ciclos e mesociclos, os planos de treino, etc, vieram depois com a teoria e prática adquirida nos cursos que fui frequentando ao longo dos anos.
Fazia vários treinos acompanhado, principalmente os treinos longos, por amigos que também se estavam a preparar com o mesmo fim.
Nunca fiz muito trabalho específico, mas consegui descobrir o meu ritmo óptimo.
Li vários artigos e entrevistas de praticantes da modalidade e segui alguns conselhos.
Ou seja: Fiz alguma preparação psicológica, tive cuidados com a alimentação e com a hidratação, antes e durante a prova.
Fiz a dieta hiperglúcida ou escandinava na semana que antecedeu a prova, que me foi muito útil e nunca mais abandonei na preparação para as maratonas.
Sensações: Sempre me senti bem na preparação embora nos primeiros tempos de adaptação, tivesse acusado algum stress. Acordava de noite e não conseguia dormir devido ao cansaço. Na semana que antecede a prova, principalmente nos primeiros dias, sentia muito desconforto devido á quase ausência de hidratos de carbono na alimentação, sentia dores musculares e fome, apesar de comer imensa salada, carnes e peixes grelhados.
A maratona:
No dia da prova levantei-me cedo, cerca das 6H da manhã. Comi bem e bebi. Massa cozida com um pouco de azeite e alho e bebi àgua, depois comi uma peça de fruta e bebi chá.
Desloquei-me para o local da prova, Jerónimos em Lisboa. Estava uma manhã agradável apesar de ser início de Dezembro. Céu encoberto, mas não chovia nem estava frio.
Fiz um pequeno aquecimento e às 9:00h foi dada a partida para os cerca de 600 participantes. Era de facto a minha primeira grande aventura. Não fazia a menor ideia do meu valor, que tempo final poderia fazer embora já tivesse realizado tempos interessantes em meias-maratonas. Sentia um misto de ansiedade, receio, ambição e insegurança. Mas também não era o tempo final que mais me preocupava, queria sim era acabar bem.
Um dos meus companheiros de treino, que também participou, tinha feito no ano anterior, menos de 2:35, portanto eu tinha aquela referência como grande objetivo. Até porque ele não me fugia nos treinos e a ideia era andarmos juntos na prova.
Após a partida juntámo-nos a um grande grupo, cerca de 15 atletas, mas eu andei sempre resguardado na parte de traz do grupo. O percurso era entre Algés e Terreiro do Paço terminando nos Jerónimos, duas voltas. Na segunda metade da prova, depois da meia maratona, começou a chover e fazia-se sentir algum vento que dificultava a progressão. O grupo começava a ficar mais reduzido. O meu amigo começou a ceder e eu disse-lhe: - Faz um esforço agora para não descolarmos do grupo, porque com o vento que está se ficamos sózinhos não conseguimos acabar. Ele disse-me: - Vai tu que eu não consigo. Ainda insisti, mas quando olhei para traz ele já lá não vinha. Eu lá fui,
ìa confortável, descontraído e com a moral em alta. O vento, cada vez era mais forte e por vezes obrigava-nos a tropeçar uns nos outros. O grupo ficava instável e sugiam alguns comentários e animosidades entre os atletas. O esforço já era muito, a lucidez começava a faltar e o pessoal não queria trabalhar. Ouviam-se comentários do género – vocês não sabem correr! Vejam lá se também puxam! Mas lá fomos andando até ao último retorno que se situava no Terreiro do Paço. Estavam cerca de 35 kms percorridos e a partir dali o vento passava a estar a favor. O grupo que tinha sido enorme, encontrava-se reduzido a 7 elementos. Sentia-me muito bem, apesar de estar sempre a pensar no “muro” dos 30 kms que nunca mais aparecia.
Então pensei: - Bom já só faltam 7 Kms! Afinal não há muro nenhum, agora só me param nos Jerónimos e lá mudei de ritmo, arranquei por ali fora! Imprimi um ritmo forte e só um companheiro do grupo me acompanhou, foi o Henrique Helder. Fui aumentando cada vez mais o ritmo, estava altamente motivado porque ía passando outros atletas que entretanto quebravam. Aos 40 kms já estava sózinho e ainda muito bem, nem queria acreditar. Estava quase a acabar a minha primeira maratona, num tempo excepcional e sem me “doer” nada. Concluí a maratona em crescendo com o tempo de 2:32:25, fabuloso para primeira vez, 20º lugar da Geral. Sorte de principiante que nos dias que correm dava para Top 5, quem diria heim!
Dicas:
Nunca esquecer: O difícil não é a maratona, o difícil é treinar para ela.
A recuperação é mais importante que o treino.
Ou seja: A maratona não custa desde que estejamos bem preparados. Desde que tenhamos uma ideia muito próxima e real do que valemos, saibamos encontrar o nosso ritmo de passada óptimo, em termos de economia de esforço. Não sejamos demasiado ambiciosos, mesmo depois de muita experiência. Tenhamos cuidado com a hidratação, antes e durante a prova. É também muito importante: Escolher um bom sapato e equipamento.
Por fim, não descurar a recuperação pós prova. Uma semana de pouco treino e um mês sem competir.
Agora coragem e boa sorte.

Agora estou a recuperar...

A minha já longa carreira, teve agora um precalço. Tive de ser intervencionado ao joelho esquerdo, a uma lesão que ao longo do tempo se tornou impeditiva da prática regular de corrida.
A minha esperança é que possa voltar às lides e daí ter-me sujeitado a esta operação. As coisas estão a correr bem, mas temos que ter calma, porque ainda só decorreu mês e meio.
Um dia se quiserem mais detalhes eu edito as minhas angústias e momentos de algum desânimo...
Um abraço e até já!